Zé Bocó e a Liberdade



Havia no reino um tal de Zé Bocó. Zé Bocó era homem, era mulher; Zé Bocó era muitos, pois em sua gênese carregava todos os males de seus pares. Zé Bocó era mesmo um bocó, especialmente quando lhe concederam a liberdade. Naquele momento Zé Bocó até se achou bacana, podia dizer o que queria, fazer o que queria, e nem mesmo ser bocó lhe era imputado como um crime. Ele trabalhava, se manifestava, Zé Bocó se regozijava com a democracia… Até que Zé Bocó percebeu que a sua liberdade era a mesma liberdade dos outros, que tinham seus mesmos direitos, suas mesmas liberdades. Mas para Zé Bocó a liberdade dele era uma coisa, porém, a dos outros, bem, isso já era outro problema; principalmente porque nem todo mundo pensava como Zé Bocó. Foi então que “inteligentemente” Zé Bocó percebeu que era melhor defender os censores e autoritários, porque para Zé Bocó e todos os seus, a liberdade dos outros não era algo saudável. Zé Bocó era mesmo um tipo problemático de brasileiro.

*Texto publicado hoje na edição do Jornal Destak